Visãoaudição I
Vamos pensar juntos: o corpo que se posiciona para VER/OUVIR deve ter um modo de olhar/escutar diferente do que se posiciona para SER VISTO/ OUVIDO!
2.1 - RECORRENDO AOS ARQUÉTIPOS
Observe o JUIZ no Tribunal. O seu interesse visual se direciona para uma pequena mancha de sangue na camisa do réu, ... para um cacoete exagerado no rosto de um dos advogados, ... uma tosse fora de hora de uma testemunha; em suma, para partes do ambiente. Os olhos do COMANDANTE, ao contrário, se atraem para a amplidão do cenário. Repare nessa figura simbólica passando em revista os seus soldados. O seu olhar se volta para o todo do ambiente, ou como se diz na gíria do quartel, para a 'moral da tropa'!
Enquanto o olhar do JUIZ parte, diferencia, separa, ... o do COMTE totaliza, iguala, une os elementos do ambiente.
E estes dois tipos de visão elementar se realizam nos animais ... e nos homens.
2.2 - O GATO E A MOSCA
Observe o bigode na cozinha: ao perceber uma mosca voando, ele parte, como que esquadrinha o espaço em setores e para os olhos e ouvidos diante de um por um. As paradas se sucedem e em cada qual ele vê e ouve, até que num dos quadrados pega a mosca ...
AVES, FELINOS e EQUINOS, na qualidade de corpos movidos pelo caractere JULGADOR, praticam o mesmo tipo de visão/audição: para partes, descontínua. Apesar de não terem a mesma acuidade visual e auditiva, o mecanismo 'partidor é comum aos três. Olhos e ouvidos se atraem sucessivamente para partes de um todo. Eles param aqui,depois ali, ... em seguida acolá e ao fazê-lo seccionam, cortam o ambiente, destacando a parte vista, das demais . É a visão tipo - AVE, a que se desloca parando. Já a dos RÉPTEIS, CANINOS e BOVINOS é diferente. Na qualidade de corpos movidos pelo caractere CONDUTOR, ela não se atrai para as partes, mas pelo próprio todo e por isso tem dificuldade em 'partir' um cenário, esquadrinhá-lo. Prefere se deslocar de modo contínuo - sem parar ou parando o mínimo - e assim não secciona audiovisualmente o espaço ou o faz de modo ineficiente. É a visão tipo -RÉPTIL, a que prefere se deslocar sem parar.
Repare no bentevi no fio da rede elétrica !
Os olhos param aqui, depois ali, em seguida acolá. O movimento facial é discreto. E o mesmo se dá com o olhar(e escutar) de gatos e cavalos. A face destes animais – com os olhos e orelhas junto – tende a se deslocar gradualmente, por partes ... e não de uma vez, como as de jacarés, bois e cachorros gostam de fazer.
2.3 - COMPREENDENDO OS OLHARES
O do gato sendo 'partidor', diminui o espaço em que a mosca ao voar se enquadra e quando por algum motivo ela concentra o vôo numa determinada área, a visão felina incrementa a 'partição'(parte, reparte, diminui mais ainda o campo visual), o que torna a captura praticamente inevitável. O cachorro, por seu lado, prefere deslocar os olhos sem parar (o que o faz ampliar o campo visual). De início até que ele tenta! Com a intenção de identificar o objeto voador, para o olhar num ponto, depois noutro, porém logo, logo desiste. A impaciência do seu instinto atrapalha e irritado, abandona a visão e se entrega ao olfato. Daí sim, se a mosca ainda estiver por perto, há chance de apanhá-la!
Independentemente das diferenças anátomo-fisiológicas em seus órgãos visuais, gatos e cavalos vêem do mesmo modo 'partidor', sequencial e diferenciador. É esta linguagem visual elementar, em particular, que os permite dividirem pequenos espaços com os humanos, sem fazerem estragos.
Observe o gato se aboletando na cristaleira, ...o cavalo sendo lavado nos pequenos estábulos das periferias!
2.4 - RESUMO
O conhecimento Ancestral sinaliza que há dois modos de olhar elementares: o que se atrai para a PARTE (JULGADOR / tipo – AVE, como o dos GATOS) e o que se atrai para o TODO (CONDUTOR / tipo – RÉPTIL, como o dos CACHORROS).
Amiga-internauta, e os seus olhos de mamífero ?
Eles têm preferência por um dos dois modos, dedicam-se igualmente a ambos, ou a pergunta não tem sentido? Como a auto-percepção do modo de olhar, no aspecto elementar em foco (para a PARTE – para o TODO), deve ser um assunto novo para você é improvável que tenha condições de responder de pronto.
As duas vivências a seguir são para isso ...
2.5 - O ALMOÇO DE DOMINGO
Investigue o desejo dos seus olhos ao entrar na casa dos pais, onde a família reunida a espera para o almoço de domingo. Aberta a porta, como eles se comportam? Querem captar o cenário por inteiro, de uma vez, ou preferem que o ambiente se revele aos poucos, de parte em parte?
Ao visualizar a sala cheia, você é capaz - como um CANINO, um COMTE - de distribuir ainda da soleira da porta, aquele olhar rápido e amplo, tipo 'leitura dinâmica', que desliza pelo ambiente, envolvendo todos os presentes ("Oi pessoal, tudo bem ?!")... ou o seu olhar - como o de um FELINO ou de um JUIZ - evita o todo e procura a parte, atraindo-se para alguma particularidade, quer seja o primeiro parente que vê, a roupa que um outro veste, um detalhe do ambiente. Como é o seu olhar?
É do tipo que aumenta ou diminui o campo visual (e auditivo) ?
2.6 - AINDA O ALMOÇO
Se no mesmo evento, enquanto você está conversando com um sobrinho, um outro familiar passa por trás do interlocutor, os seus olhos preferem se manter atentos à pessoa com quem fala, ou querem, por segundos que seja, acompanhar quem passa? Traduzindo: eles se contentam com uma pessoa por vez ou uma é pouco, são do mais de uma, do todo ?
Amiga-internauta, evite intelectualizar o experimento. Ele é simples. Restrinja-se ao desejo dos seus olhos: é para um ou para mais de um? Para a parte ou para o todo?
2.7 - O BOTÃO !
O botão que estava pregando em sua roupa foi parar no chão! O espaço é pequeno. Ele não deve estar longe. Talvez esteja lhe esperando no tapete, embaixo da poltrona ou no seu colo mesmo! É uma questão de se organizar, de sequencializar o que ver. De que modo os seus olhos atuam? Tendem a seccionar em partes o espaço em que o botão pode ter caído, e examinar cada uma separadamente, ... ou tendem a ver 'tudo ao mesmo tempo' e assim, em segundos, você se impacienta e passa a procurar o objeto com os pés, as mãos, qualquer membro, ... menos com os olhos!
Resumindo: você é daquelas pessoas que não nasceram para procurar botões, ou considera essa atividade – desde que disponha de tempo – um desafio, uma diversão ?!
2.8 - INSTINTO E APRENDIZAGEM
Ao explorar as duas vivências precedentes é essencial se concentrar no desejo dos seus olhos, deles em si, independentemente das influências que atuam ou tenham atuado sobre eles. Exemplo: pode ser que quando criança você ajudava o seu pai – um botânico – a coletar e classificar orquídeas! É natural que exercendo essa atividade, os seus olhos aprenderam a diferenciar, comparar, partir, a ver as orquídeas uma a uma, cada qual na sua vez. Pois desconsidere esse fato e atenha - se ao desejo – ao instinto – dos seus olhos, como se não tivessem tido este aprendizado ...
De manhãzinha, ao entrar na estufa de flores, o ímpeto inicial deles é buscar uma orquídea, que seja esta aqui, depois se deter num detalhe daquela ali, em seguida parar numa outra lá, ... ou antes de se dedicar a particularizá-las, o seu ímpeto visual é deslizar o olhar por todas, curtindo a liberdade de não ter que se deter em nenhuma, como se as unisse num grande arranjo floral?!
Em suma, o prazer dos seus olhos está ligado à sensação de SEPARAR ou UNIR os elementos que vê ?
Caso ainda esteja em dúvida, a vivência a seguir provavelmente a fará identificar o seu modo de olhar...
2.9 - A EXPERIÊNCIA - CHAVE
Escolha um ambiente amplo, como o da praça próxima à sua casa ou a sala de estar do seu apartamento e posicione-se sentado em um banco ou cadeira, de frente para o cenário escolhido. Em seguida feche os olhos e desloque a face até um dos extremos do ambiente (por exemplo, o esquerdo). Agora abra-os e mova a face lentamente em direção ao extremos oposto, realizando um giro de 180º. De que modo os seus olhos se comportam neste trajeto? Tendem a parar em peculiaridades, partes, quaisquer que sejam, coisas ou pessoas, ou preferem se deslocar sem parar ?
2.10 - AINDA A CHAVE
Repita-a o mais que puder e a cada vez procure se aprofundar na libido dos seus olhos: ao deslocar a face no giro de 180º, eles são como que levados a parar aqui, depois ali, em seguida acolá, isto é, atraem-se sucessivamente para partes, pormenores, e ao fazê-lo 'seccionam' o ambiente, separando os seus elementos ... ou seus olhos preferem 'seguir adiante', levados pelo ímpeto de reunir - de totalizar- o que vêem ?
Atenção! Se no cenário escolhido houver um 'bolo de chocolate com amêndoas', a experiência não vale! Opte, portanto, por ambientes sem estímulos preferenciais.
2.11 - COMENTÁRIO
Como não poderia deixar de ser, os corpos que se posicionam para VER (os de libido VO) praticam o VER IDEAL, ou seja PARTIDOR, afinal 'ver é detectar diferenças', ... e para isso é preciso 'partir' ! Se a internauta é uma JULGADORA e se dedicou com afinco às VIVÊNCIAS desta Janela... no fundo, no fundo, sabe do que estamos falando: de que
no núcleo do verbo VER está o verbo PARTIR.
Vamos investigar essa afirmativa, o que lhe permitirá - caso seja mesmo FELINA/JULGADORA - se aprofundar no ato de VER ... e às pessoas da linhagem oposta, as CANINAS/CONDUTORAS, a aprenderem o "que é VER" !
2.12 - O VER IDEAL
Coloque-se diante dos seus dois meninos e experimente vê-los, mantendo os olhos numa única posição, fixos. É possível desta forma enxergar ambos de modo adequado? Óbviamente que não! Para vê-los bem, primeiro terá que VER um e depois outro: ver um elemento do ambiente por vez, 'partir' o cenário. Repare no portão da sua casa ou do prédio onde mora. O que é VÊ-LO? É primeiro ver um lado e depois outro, ou seja, é seccioná-lo em partes (de cima, de baixo, lados direito, esquerdo) e explorar visualmente cada uma. Olhe para o rosto da sua filha e tente VÊ-LO realmente. Terá que 'parti - lo', por exemplo, em duas metades ... e olhar uma por vez, em seguida 'cortar' cada qual em outras e assim por diante. Isto é VER. E com o OUVIR se dá o mesmo. Ouve-se melhor a um elemento por vez. Pois esta modalidade de visão/audição - 'PARTIDORA' - é praticada pelos animais e homens da família do GATO.
2.13 - O VER SUPERFICIAL
Já os animais e homens da família do CACHORRO, praticam a visão TOTALIZADORA, a que prefere não partir, que deseja enxergar todos os elementos de uma vez, em uma só visada, ... e quem vê todos não vê nenhum direito! Não é um VER na acepção do termo, de atenção, ... é mais uma contemplação, ou se preferir, um 'deslumbramento visual' !
Caso seja dessa linhagem, repare que você adora VER, aliás, um de seus maiores prazeres é ver, ... mas é um ver superficial, um deslizar os olhos pelo ambiente (à cata de mais coisas para ver!), um ver que não quer se fixar em um elemento por vez e por isso não se aprofunda visualmente em algo ou alguém (uma característica do VER IDEAL), ... o que revela um olhar que não têm prazer em ver.
Inversamente ao partir, o verbo que os olhos CANINOS praticam, é o totalizar, o reunir, o ajuntar. Se for deste lado, confira: a sua visão como que UNE os elementos à sua volta em torno de si, ... é o olhar "para SER VISTO"!
As vivências a seguir ilustram a diferença entre as duas visões ...
2.14 - PASSEANDO COM CANINOS
Amiga internauta, imagine-se FELINA (isto é, de um dos seguintes signos: galo, cabra, cavalo, gato, tigre ou porco) e o seu marido CANINO – Fernando é o nome dele.
Vocês estão felizes da vida! Foram promovidos no serviço e os exames na clínica deram negativos. Para comemorar, pegaram a estrada no rumo da praia ...
Repare na visão do parceiro. Olha tudo pelo caminho. Meninos jogando bola, os veículos que cruzam, ... o céu, as montanhas. Mas interessante! Os olhos não se fixam em nada. Elogia uma árvore – apontando-a com o dedo – e quando você pensa que irá explicar o porquê de a ter escolhido, não! Parte para outra e depois mais outra. É como se quizesse ver todos os elementos do ambiente ao mesmo tempo.
Sendo FELINA, a internauta deve achar este modo de olhar estranho e se perguntar:"o Fernando vê alguma coisa? Que olha eu sei, mas será que enxerga?"
2.15 - O FERNANDO OUVE, OUVE E NÃO SE CANSA
O casal foi convidado para uma festa. Gente animada, novidades e observe o seu 'canino'...
Na roda de amigos ele dá atenção a todos. É impressionante! Enquanto você, como parente do GATO, só consegue ouvir uma pessoa por vez, o que lhe parece lógico, o Fernando é capaz de ouvir três ao mesmo tempo. E as diferenças não param. Como é do feitio 'felino' dar efetiva atenção ao interlocutor, após muita conversa você se estressa – cansa de receber informação – e tem vontade de ir embora. Com o Fernando acontece o oposto: quanto mais ouve, mais descansado fica! Se dependesse dele, seria sempre o último a sair das festas. E vem a pergunta: será que o seu marido ouve, isto é, acolhe as palavras de quem fala ... ou elas entram por uma orelha e saem pela outra?
2.16 - REEDUCAÇÃO SENSORIAL
Quem tiver filhos e marido CANINOS, alerte-os a darem mais atenção ao ato de VEROUVIR! Ensine – os a partir, a seccionar - com os olhos e ouvidos - os elementos de um cenário e se dedicarem a um por vez. Isto acalma o corpo e incrementa a qualidade da atividade audiovisual.
2.17 - INTERVALO
Após o tópico anterior pode ser que a internauta esteja diante de um dilema. E o meu dentista, de que signo é ele? E se for um LAGARTO, a visão desatenta aos detalhes e por que não dizer, às minhas minúsculas cáries, aos meus ínfimos tartarozinhos ! Meu Deus, o que devo fazer?
Não se apresse! Há excelentes odontologistas de visão tipo CANINA. É que ao lado dos caracteres inatos (como os definidos pelo CALENDÁRIO LUNAR), também atuam os aprendidos. Ao longo dos anos o seu dentista educou o olhar. Os estágios na faculdade e a prática continuada da profissão, certamente que o fizeram adquirir a visão correta, a de enxergar os dentes das pacientes PARTIDORAMENTE, ... um por vez.
2.18 - ENCERRANDO ...
Por este ponto, amiga - internauta, você já tem material suficiente não só para começar a se divertir no relacionamento com seu cara – metade e os filhos, mas também para dar início a um processo de REEDUCAÇÃO SENSORIAL na família (melhorando o verouvir dos seus caninos, ... e em complemento, o servistoouvido de seus felinos!). É deste segundo aspecto que trata a próxima Janela. E paralelamente, mais alguns tópicos teóricos serão incluídos ...
Bom proveito!